A QUEDA DE UM IMPÉRIO: PROTECIONISMO, ISOLACIONISMO E A RECONFIGURAÇÃO DA ORDEM MUNDIAL

Da redação
Ao longo da história, grandes impérios ascenderam e caíram, não apenas pela força de seus rivais, mas, sobretudo, pelos próprios erros estratégicos. Agora, diante de uma nova era de disputas comerciais e tensões geopolíticas, os Estados Unidos parecem seguir o mesmo caminho, acelerando seu declínio ao adotar políticas protecionistas que isolam sua economia e fragilizam sua influência global.
O governo Trump já demonstrou essa tendência ao romper acordos multilaterais e impor tarifas sobre produtos do México, Canadá, China e da União Europeia. Essas ações, vendidas como medidas para “proteger empregos americanos”, escondem uma realidade alarmante: a desindustrialização dos EUA não se reverte com barreiras comerciais, mas com inovação, investimento e competitividade. A história já mostrou que medidas protecionistas frequentemente resultam no efeito contrário, gerando inflação, aumento de custos para consumidores e represálias que prejudicam setores estratégicos da própria economia.
O Passado Adverte: O Ciclo das Grandes Quedas
Não é a primeira vez que uma potência global, ao se sentir ameaçada, tenta conter seu declínio erguendo barreiras comerciais e reforçando políticas isolacionistas. Todos os impérios que ruíram ao longo da história apresentam sintomas semelhantes aos que os Estados Unidos exibem hoje.
•O Império Britânico, que dominou o mundo no século XIX, perdeu sua hegemonia ao enfrentar crises econômicas e resistir à ascensão de novas potências. A tentativa de manter sua influência global sem investir em renovação estrutural foi seu erro fatal.
•O Império Romano, símbolo de poderio e civilização, colapsou sob o peso de gastos militares excessivos, corrupção e desvalorização econômica. Roma viu suas fronteiras ruírem ao subestimar as forças emergentes que antes considerava insignificantes.
•A União Soviética, que por décadas rivalizou com os EUA, entrou em colapso após insistir em uma corrida armamentista insustentável, sufocando sua economia com políticas equivocadas e perdendo influência global.
•O Império Espanhol, outrora dominante, caiu ao insistir em um modelo econômico fechado, corroído por corrupção e guerras intermináveis que drenaram seus recursos.
Hoje, os Estados Unidos caminham nessa mesma direção: endividamento crescente, erosão da confiança global em sua liderança e uma concorrência cada vez mais agressiva, especialmente da China.
O Isolamento Econômico e Seus Custos
A recente onda tarifária imposta por Donald Trump afeta diretamente aliados estratégicos e fortalece o bloco econômico liderado pela China. Se os EUA insistirem nessa estratégia, o resultado será a reconfiguração da ordem mundial, com Pequim assumindo o protagonismo no comércio global.
Os países mais impactados incluem:
•Canadá e México, que já sofreram com as imposições do USMCA e podem enfrentar novas restrições sobre aço, alumínio e manufatura.
•A União Europeia, alvo frequente da retórica protecionista de Trump, pode reagir com tarifas sobre produtos americanos, enfraquecendo ainda mais a relação transatlântica.
•Brasil e América Latina, dependentes do mercado americano para exportação de commodities, poderão sofrer com sanções e restrições comerciais.
•Japão, Coreia do Sul e Índia, aliados estratégicos que podem ser afetados pela instabilidade nas relações comerciais e pela crescente pressão militar na Ásia.
Se os EUA fecharem suas portas, o mundo não ficará parado esperando. A China já investe agressivamente em infraestrutura global, parcerias estratégicas e inovação tecnológica, conquistando mercados e expandindo sua influência. A União Europeia se fortalece com políticas voltadas à autonomia industrial e energética. Outros blocos emergem, formando alianças que podem redefinir o equilíbrio econômico mundial.
A Escolha do Futuro
Os Estados Unidos ainda podem evitar um declínio acelerado, mas para isso precisarão abandonar o protecionismo míope e voltar a apostar no que sempre os tornou grandes: inovação, competitividade e diplomacia estratégica. Se insistirem em isolar-se do mundo e tratar aliados como adversários, o resultado será inevitável: a fragmentação de sua hegemonia e a ascensão de um novo centro de poder global.
O século XXI não será dos que impõem barreiras, mas dos que constroem pontes. O império americano, como tantos outros antes dele, está diante de uma encruzilhada. E, como a história já nos ensinou, o destino de uma nação é decidido pelas escolhas que faz quando se sente ameaçada.

“Em um espetáculo transmitido ao vivo, o mundo observa a lenta e dramática queda de um império militar e econômico, onde decisões protecionistas e isolamento revelam os sinais de um declínio inevitável.”  José Santana

Se Washington escolher o caminho do isolacionismo e da guerra comercial, a pergunta não será se os EUA perderão sua posição dominante, mas quando?
Foto de Joe RosenthalAp

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