O que esperar do novo governo Trump?

Sai Joe Biden, entra Donald Trump – Foto divulgação.

A chegada de Donald Trump ao poder em 2017 gerou debates intensos sobre seu impacto nas diversas democracias ao redor do mundo. Ele representou uma mudança significativa no estilo de liderança em relação a seus antecessores, o que trouxe consequências tanto positivas quanto negativas para o sistema democrático global. Vamos falar de alguns desses pontos e o que eles representaram aos Estados Unidos e aos demais países, especialmente quanto aos desafios à ordem liberal internacional.

Logo no início de seu governo, Donald Trump questionava as instituições e alianças internacionais como a OTAN, a ONU e a OMC. Esse foi um comportamento de difícil digestão, que gerou preocupações sobre o enfraquecimento da ordem liberal construída após a Segunda Grande Guerra, ordem que até então, tradicionalmente, promovia os valores democráticos, a cooperação e o multilateralismo.

Trump normalizou os discursos populistas, utilizando-se de uma retórica anti-establishment e, em alguns casos, polarizadora, o que influenciou líderes em outros países a adotar estratégias semelhantes. Isso enfraqueceu instituições democráticas, promovendo desconfiança em sistemas eleitorais, na mídia e em órgãos reguladores. (Recordemos que ele, quando perdeu a eleição para Joe Biden, não aceitou a derrota, tentando, inclusive, dar um golpe no estado da Geórgia para conseguir 11 mil votos, o que lhe daria a vitória, etc).

A partir de 2017, Trump fez um governo nos States de tal forma que mais parecia um daqueles ‘sultões’ das arábias que governavam na base da capa a espada. Desde então ele passou a apoiar regimes autoritários mundo afora, inclusive com uma abordagem mais tolerante com líderes autoritários mundiais, como Vladimir Putin (Rússia), Kim Jong-un (Coreia do Norte) e Jair Bolsonaro (Brasil). Essa postura foi vista por aliados tradicionais dos EUA como um enfraquecimento da pressão dos país pela promoção da democracia e dos direitos humanos, o que chegou a prejudicar e ter impactos negativos na política interna norte-americana.

Dentro dos EUA, a retórica de Trump intensificou a polarização política, levando a eventos como o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Essa divisão interna teve implicações globais, questionando a força do modelo democrático americano como exemplo para outras nações.

Por outro lado, a controvérsia em torno de Trump também levou ao fortalecimento de movimentos democráticos e ativistas em várias partes do mundo, que buscaram resistir a tendências autoritárias ou populistas (inclusive no Brasil).

A liderança de Trump destacou a fragilidade e a resiliência das democracias modernas. Se por um lado sua retórica e ações colocaram em xeque alguns pilares democráticos, por outro lado, estimularam debates globais sobre a necessidade de proteger e renovar as instituições democráticas. O impacto de sua liderança até hoje (resultado de seu primeiro governo) ainda é objeto de análise e debate, especialmente agora com sua volta ao poder a partir desta segunda-feira 20 de janeiro.

O QUE ESPERAR DESTE NOVO MANDATO?

A posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos neste ano de 2025 traz a expectativa de mudanças significativas, com potenciais impactos positivos e negativos. No aspecto positivo temos o anúncio sobre a redução de impostos. Trump propõe diminuir a alíquota corporativa de 21% para 15% e ampliar cortes de impostos para todas as classes sociais, o que pode estimular investimentos e o crescimento econômico. Da mesma forma o incentivo à indústria doméstica, com medidas para revitalizar a manufatura e reduzir regulamentações, deve fortalecer a produção interna e a criação de empregos no setor industrial.

Por outro lado, também há os aspectos negativos que têm origem nas políticas protecionistas. A imposição de tarifas de 10% a 20% sobre todas as importações, e de até 60% sobre produtos chineses, pode desencadear guerras comerciais, afetando o comércio global, elevando os preços para os consumidores, o que poderá causar o aumento da inflação e dos juros. Especialistas alertam que as políticas de Trump podem mesmo pressionar a inflação, levando o Federal Reserve a manter ou elevar as taxas de juros, o que pode desacelerar o crescimento econômico. E, em conseqüência, o desequilíbrio fiscal. A redução de impostos, sem cortes correspondentes nos gastos públicos, pode ampliar o déficit fiscal dos EUA, comprometendo a sustentabilidade das finanças públicas no longo prazo. Fato que pode afetar inclusive o Brasil, uma vez que nosso “mercado” baseia-se em grande parte ao que ocorre nos Estados Unidos..

Em resumo, o novo governo de Donald Trump apresenta propostas que podem impulsionar setores da economia americana, mas também pode trazer riscos associados a políticas protecionistas e potenciais desequilíbrios fiscais em países da América do Sul, Europa, Ásia etc. Tomara que estejamos errados, mas a princípio e pelo andar da carruagem até aqui, é isso que podemos esperar. Nós, resilientes, ficamos de Olho!!!

Por L. Pimentel – Folha do Estado

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