Presidente da Coreia do Sul fica em silêncio em interrogatório

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, que enfrenta a acusação de insurreição, foi preso e interrogado nesta 4ª feira (15.jan.2024). O político afirmou que a investigação contra ele é “ilegal”, porém aceitou ser detido para evitar “derramamento de sangue”. As informações são da agência Reuters.

“À medida que vejo as pessoas, especialmente nossos jovens, mostrarem sua paixão pela democracia liberal após reconhecer sua importância, percebo que o futuro deste país é brilhante, embora a lei tenha entrado em colapso e agora seja um momento sombrio”, disse ele.

Após declarar lei marcial em 3 de dezembro, parlamentares da Coreia do Sul votaram pelo afastamento do presidente do cargo. Desde este dia, o político não tem saído de sua residência, protegida pela segurança presidencial que havia impedido tentativa de prisão anterior.

Yoon aceitou ser detido depois que mais de 3.000 policiais foram até sua casa na madrugada desta 4ª feira (15.jan). Havia cerca de 6.500 apoiadores do político no local. Integrantes do partido de direita Poder Popular, assim como o Serviço de Segurança Presidencial, apresentaram resistência à prisão dele.

Decidi comparecer ao CIO (sigla em inglês para Escritório de Investigação de Corrupção para Autoridades de Alto Escalão) para evitar um infeliz incidente de derramamento de sangue, apesar de ser uma investigação ilegal”, disse Yoon em uma mensagem de vídeo. “No entanto, isso não significa que reconheço a investigação do CIO”, completou.

Yoon é o 1º presidente em exercício da Coreia do Sul a ser preso. O interrogatório durou duas horas e meia na sede do Escritório de Investigação de Corrupção para Funcionários de Alto Escalão. De acordo com a agência de notícias Yonhap, o político permaneceu em silêncio.

“Meu entendimento é que ele atualmente se recusa a testemunhar”, disse um funcionário do CIO aos repórteres. “A sessão da tarde está marcada para começar às 14h40 (horário local)”. Os investigadores têm um prazo de 48 horas a partir do momento da detenção de Yoon para solicitar um mandado de prisão formal.

A expectativa é que, depois do interrogatório, o presidente seja encaminhado ao Centro de Detenção de Seul, perto do escritório o CIO. “É altamente provável que ele seja mantido sob custódia devido à cruel execução da detenção pelo CIO, mas acho que ele comparecerá (ao julgamento) sem se deixar intimidar”, disse Seok Dong-hyeon, advogado e amigo de longa data de Yoon, a repórteres fora do Alto Ministério Público de Seul.

Declaração de lei marcial 

Em uma carta manuscrita, o presidente afirmou que “a lei marcial não é um crime”, defendendo a declaração feita em 3 dezembro como um ato de governança. “A lei marcial é um exercício da autoridade presidencial para superar uma crise nacional”, escreveu Yoon, postando uma foto do texto.

No centro das acusações está a questão de saber se Yoon ordenou que militares e policiais retirassem à força alguns parlamentares do prédio da Assembleia Nacional na noite em que declarou lei marcial e os prendessem. O político também criticou o processo de impeachment contra ele, que teve a acusação de insurreição retirada pela oposição recentemente. Afastado do cargo em 14 de dezembro, Yoon chamou o processo de “um impeachment fraudulento”.

A promotoria alegou, na acusação contra o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun, atualmente preso, que Yoon ordenou ao comandante da defesa da capital que “disparasse se necessário, quebrasse as janelas e os arrastasse para fora”. Em depoimento obtido pela promotoria, Hong Jang-won, um dos vice-chefes de espionagem da época, alega que Yoon lhe disse por telefone para “prender todo mundo”.

Yoon é suspeito de ter nomeado os políticos que deveriam ser detidos. O presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-shik, o líder do Partido Democrata, Lee Jae-myung, e Han Dong-hoon, o então líder do Partido do Poder Popular, no poder, estavam supostamente na lista.

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